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HISTÓRIA


Os quatro cavaleiros do apocalipse do Kiss não foram responsáveis pela introdução de
teatralidade e fantasias nos shows de rock. Anos antes os New York Dolls já se apresentavam
maquiados e Alice Cooper montava espetáculos de rock horror show. Foi do Kiss porém a
responsabilidade de elevar a presença de palco e efeitos sonoros e visuais ao estado de arte, tão
ou mais importantes que a própria música. O Kiss é uma banda de extremos, amada ou odiada,
mas jamais colocada como apenas mais uma banda entre tantas outras.

A característica mais marcante do Kiss foi escolher assumir personalidades alternativas a partir do
momento em que entrassem no palco, protegendo suas identidades reais com fantasias e
maquiagem pesada (que os tornava irreconhecíveis). O vocalista e guitarrista Paul Stanley (o da
estrela) se tornava em um ser andrógino, encarnação do amor. O guitarrista Ace Frehley (o de
maquiagem prateada) se tornava em um alienígena interplanetário. O baterista Peter Cris se
tornava em um gato (ou tigre de dentes de sabre conforme outras versões). O baixista e vocalista
Gene Simmons (o com cara de mau) por sua vez se transformava em um demônio, encarnação
do mal.

Curiosamente a banda enquanto maquiada levava a sério seu papel e se apresentava em
entrevistas como se realmente fossem seus personagens. Durante anos a identidade real de todos
foi guardada a sete chaves. Como se isso tudo já não fosse marketing suficiente os shows eram
muito mais do que espetáculos de som, luz e gelo seco. Entre outros pequenos detalhes a guitarra
de Ace Frehley soltava fumaça e rojões em meio aos solos, o baixista Gene Simmons voava
sobre a platéia, vomitava sangue e cuspia fogo (literalmente, sem truques, veja foto adiante). A
banda se anunciava como nada mais nada menos que a maior banda de rock da face da terra e
por incrível que pudesse parecer fazia mesmo rock and roll de primeira qualidade em meio a todo
esse marketing, maquiagem, fogo e sangue. As letras eram geralmente apenas exaltações ao sexo
e rock and roll (sem drogas e sem temas sérios como política ou o lado ruim da vida).


Desde o início a banda foi comandada por Paul Stanley e Gene Simmons (um verdadeiro homem
de negócios, com grande visão, que se escondia por trás da maquiagem de vampiro). No início
da década de 70 montaram uma banda chamada Wicked Lester. Peter Cris e Ace Frehley seriam
recrutados a partir de anúncios em revistas de música. Não pretendendo disputar com tantas
outras bandas que surgiam e desapareciam a todo momento em Manhattan usaram o estrategema
de divulgar seu show como o de uma banda já consagrada, pagando do próprio bolso bandas
mais bem sucedidas para abrir seu primeiro show, distribuindo camisetas da banda gratuitamente
e caprichando na produção visual. Convidaram para o show armado alguns empresários e
olheiros de gravadoras. Conseguiram chamar a atenção de Bill Aucoin que imediatamente se
ofereceu para ser seu manager e em algumas semanas já tinham um contrato com o selo
Casablanca.

A banda escalou aos poucos as paradas com os álbuns que se seguiram, mas apenas com o seu
primeiro álbum ao vivo, Alive (1975), se tornaram os superstars que marcariam uma geração. A
música Rock And Roll All Nite se tornou um hit imediato e os álbuns que se seguiram (a começar
por Destroyer, de 1976) seriam grandes sucessos de vendas.

A kissmania rapidamente tomou conta dos Estados Unidos. A imagem da banda estava em
qualquer coisa que pudesse ser vendida, máquinas de fliperama, bonecos, máscaras, kits de
maquiagem, cereais, escovas de dentes, etc. Obviamente fãs hardcore de hard rock não
gostariam de ser associados a algo tão comercial e o que a início era apenas um distintivo da
banda começou a fugir do controle, ficando maior do que a própria música que eles faziam. As
performances de palco eram comentadas como ainda maiores e mais estapafúrdias do que a
realidade e entre vários boatos chegou-se a noticiar que o Kiss sacrificava animais no palco e que
Kiss era uma sigla para (entre outras versões) Kids In Satan�s Service (crianças a serviço de
Satan). A coisa toda era noticiada de forma tão verídica que até hoje centenas de pessoas
assumem isto tudo como verdade.


Além disso a fama instantânea exaltou os egos da banda, gerando atritos, principalmente entre
Ace Frehley e Peter Cris (de um lado) e Paul Staley e Gene Simmons (de outro). Em 1978 foram
lançados ao mesmo tempo álbuns solo dos quatro, como uma tentativa de apaziguar os ânimos (e
conseguir alguns milhões de dólares a mais).

Peter Cris foi despedido da banda em 1980 e Anton Fig, baterista de estúdio, participou das
gravações de Kiss Unmasked (até que fosse escolhido o substituto definitivo de Cris, Eric Carr).
Os problemas que vinham se acumulando resultou em um disco fraco e pela primeira vez um
fracasso comercial (pelo menos para uma banda acostumada a discos de platina seguidos) nos
últimos anos. O álbum Music from the Elder de 1981 teve acolhida ainda pior e em 1982 Ace
Frehley abandonou a banda, sendo substituído por Vinnie Vincent. O álbum que se seguiu,
Creatures Of The Night (completado por músicos de estúdio), teve uma boa acolhida.

Para conseguir novamente lugar na imprensa para a banda já desgastada pela apresentação
excessiva, o Kiss abandonou a maquiagem, conseguindo voltar à imprensa e aumentar as vendas,
embora os álbuns não fossem obras primas como os de sua época de ouro.

Vinnie Vincent abandonou a banda em 1984, sendo substituído por Mark St. John, que logo
desenvolveria uma doença nas articulações da mão, conhecida por síndrome de Reiter, tendo de
ser substituído por Bruce Kulick. Em 1990 ocorreu uma outra tragédia, Eric Car se descobriu
com câncer e morreu em novembro de 1991 aos 41 anos, sendo substituído por Eric Singer.

Esta nova formação, apesar de todos os problemas, conseguiu gravar um grande álbum em 1992,
Revenge, que juntamente com um novo registro ao vivo (Alive III) levou a banda de volta ao topo
entre os grandes nomes do rock mundial.

Em 1996 o que deveria ser apenas uma reunião da formação original (Paul Stanley, Gene
Simmons, Ace Frehley e Peter Cris) para tocar algumas músicas em um programa acústico
(Unplugged) da MTV americana se transformou na reunião mais esperadas das últimas duas
décadas. A banda voltou às maquiagens e iniciou uma imensa turnê mundial tocando as músicas
da época de ouro das mascaras com um show igual ao dos velhos tempos.


  CITAÇÕES



"Uma noite, assistindo ao Ed Sullivan, vi os Beatles. De repente, aquele som agudo, feito
feedback de amplificador. Quando a câmera passou vi que eram garotas gritando 'Me come!'. Eu
disse: 'Otimo trabalho. Tenho que fazer isso!'"
(Gene Simmons)

"Kiss sempre quis dizer apenas kiss (beijo). Tudo ou qualquer coisa que você pode ter lido ou
ouvido resulta da imaginação das pessoas. Não temos o mínimo interesse em louvar a Satanás.
Concordarmos com a importância de se louvar a alguém ou alguma coisa, desde que você não
encha o saco das outras pessoas."
(Gene Simmons)

"Se eu fosse Deus, só haveriam mulheres gostosas e o sexo seria obrigatório"
(Gene Simmons)

"Ser influência para outros baixistas não importa para mim. O que importa é estar no Kiss."
(Gene Simmons)

"Acho gozado as pessoas dizerem: 'KISS? Bobagem, ouça Emerson, Lake & Palmer.' Ouça
você, eu não."
(Paul Stanley)

"Eric Carr era muito melhor do que Peter Criss, mas também era outro tipo de som. De certa
forma, o estilo de Eric Carr nos forçou a ser uma banda mais heavy. Lembro dele batendo com
força na bateria, com seriedade. Mas era o maior piadista do grupo. Um dia fomos fazer um
show, e eu encontrei uma jovem. Convidei-a para ir ao meu escritório. Quando entramos, hmmm,
a lei da gravidade atraiu minhas calças para o chão, não sei o que houve. Ela deu abertura, eu
estava duro, uma coisa levou à outra. E eu tranquei a porta do banheiro do meu escritório. De
repente, começou a entrar fumaça e eu disse: 'Puta saco, incêndio!' Devo ter dito: 'Vamos sair!',
eu abro a porta para sair, e lá está ele com a câmera, eu sem calças, ela gritando. Ele acendeu
uma bombinha de fumaça e deixou a fumaça entrar. Eric Carr era assim."
(Gene Simmons)

"Quando eu conheci Eric Singer, ele era um cara alegre antes de entender como eram as coisas
no Kiss. Nunca estava de cara feia, sempre vinha com os punhos levantados como um lutador
pronto para a luta. Tenho que dizer que a mesma energia explode no palco e continua quando
saímos dele, mas poucos conhecem o outro lado de Eric. É o maior jogador de merda no
ventilador do século! Vê esse cabelo loiro? Não se engane, este cara é o diabo!"
(Gene Simmons)

"Bruce costuma ser bem calado fora do palco, e, no palco, acho que é ele que dá mais duro pra
"sair de sua concha" para ir um passo alem do que ele já foi, pois, ao entrar no grupo, parecia
uma árvore tocando guitarra. Ele ficava de pernas fechadas, com a guitarra na altura do pescoço,
como um ukulele. O legal é que agora as vezes eu olho pelo palco e não sei onde ele está, porque
se meche bem mais agora."
(Paul Stanley)

"Acho que o palco foi feito para Paul. Ele solta todos os seus freios no palco, fica completamente
possuído como músico, e eu posso dizer que ele faz isso bem, porque trabalho com ele. Acho
que ele é natural no palco, e adora aquilo. Enquanto eu fico nervoso antes dos shows, ele mal
pode esperar, e o palco torna seu quintal assim que ele entra. Paul muda muito ao subir no palco."
(Bruce Kulick)

"Sou um Deus, mas sou um deus humilde!"
(Paul Stanley)

"Quando se vai a um país como o Brasil, onde se fala o português, e você toca uma música que
240 mil pessoas cantam junto em inglês, um lance que eu compus no meu sofá em Manhattan, aí
você vê o poder do rock'n'roll."
(Paul Stanley)

"Eu nunca ouvi porra nenhuma de Shineola. Acho que este é o motivo pelo qual sou original."
(Ace Frehley)

"Eu sou o cara mais feio do mundo, mas nasci roqueiro e comi todas as garotas que quis".
(Gene Simmons)

"Se você odeia o Kiss, Deus te ama. Se você adora Kiss isso tabém é ótimo. Se você está no
meio, saia!"
(Paul Stanley)

"Quando eu conheci o Gene, logo tratei de dizer que a foto dele no Alive II parecia um gorila."
(Bruce Kulick)

"Eu odeio artistas que não gostam ou fogem da fama e do dinheiro. Se você não gosta de fama,
saia do meio musical. Se você não gosta de dinheiro, assine um cheque para Gene Simmons"
(Gene Simmons)

"Nós temos alguns membros da família aqui hoje. E não falamos de mamãe e papai. Estamos
falando de Peter Criss e Ace Frehley."
(Paul Stanley no KISS Unplugged)

"Kiss!"
(Kurt Cobain em sua última entrevista antes de morrer respondendo sobre qual seria a sua maior
influência)

"Fui presa pela primeira vez por roubar uma camisa do Kiss!"
(Courtney Love)

"O KISS é uma das únicas bandas que conseguem resumir a música com
objetividade, tem banda que faz música com 20 minutos e não chega aonde quer."
(Marty Friedman, Megadeth)

"Comecei a tocar baixo quando vi Gene Simmons!"
(Jason Newsted, Metallica)



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